As Cordas
Esta unidade curricular constituiu uma mais valia para aquele que auguro como meu futuro percurso profissional, sendo que todas estas dimensões mencionadas e analisadas ao longo do presente momento reflexivo, proporcionaram um alargamento dos conhecimentos relacionados com a Didática da Língua Portuguesa no Ensino Básico.
Assim sendo, de acordo com Amor (1993), a aprendizagem da língua materna está presente "nas diversas frentes curriculares", sendo que "em todas elas se proporcionam situações de aprendizagem e, em todas elas, inevitavelmente, se avaliam os conhecimentos e aptidões linguísticas dos alunos" (p. 9). Deste modo, o ensino da língua materna caracteriza-se com base em quatro especificidades, isto é, a transversalidade, o cruzamento e a interseção de competências entre o aluno e o professor, a multidimensionalidade do saber linguístico, e ainda, a reorganização sistemática e produtiva da gramática interiorizada.
No ensino da língua materna, o professor deve ter em consideração os diferentes documentos reguladores em vigor no sistema educativo, nomeadamente, o "Programa e Metas Curriculares de Português do Ensino Básico", que se subdivide em cinco domínios, sendo eles: a leitura, a escrita, a oralidade, a gramática e a educação literária; o "Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória"; e ainda, as "Aprendizagens Essenciais" referentes ao Ensino Básico. Deste modo, é necessário que o professor tenha consciência da especificidade da Didática da Língua Portuguesa, dos seus princípios metodológicos, da finalidade do ensino do português e dos seus conteúdos programáticos.
O cruzamento e a interseção de competências acerca da língua materna, decorre dos conhecimentos prévios que o aluno já tem acerca da mesma, uma vez que se trata de um conhecimento inato e intuitivo a ter em conta pelo professor nas suas práticas. De salientar, que na planificação de sequências didáticas, o docente deve aproveitar, valorizar e potencializar as valências e aptidões que os alunos já possuem.
O ensino da língua materna contém, como principal especificidade, o facto de esta ser transversal a todos os contextos de ensino e interação pedagógica. Esta transversalidade assenta nas teorias de aprendizagem e desenvolvimento cognitivo, uma vez que se revê na aquisição, no ensino e no uso das competências comunicativas dos alunos. No entanto, o facto de ser transversal ao processo de ensino e aprendizagem, não significa que o seu uso frequente e sistemático tenha sempre como propósito o ensino da língua materna, podendo assumir duas vertentes distintas: a língua materna como objeto de ensino ou a língua materna como instrumento de ensino.
No ponto de vista didático, importa também mencionar a multidimensionalidade do saber linguístico, tendo em conta os planos que o constituem (fonológico, morfossintático, léxico-semântico) e o modo como os aplica (pragmático e socio-comunicativo e discursivo-textual). Desta forma, evidenciando o plano da consciência fonológica, encontra-se uma clara semelhança entre a música e a linguagem, uma vez que, no processo de aprendizagem de ambas se utilizam os sistemas auditivo e vocal. Os elementos essenciais da música, isto é, o som, o ritmo, a melodia e harmonia, podem representar um estímulo para a aquisição da linguagem, bem como um método de intervenção relativamente a dificuldades perante a leitura e a escrita, dificuldades fonológicas e ainda dificuldades auditivas. Através da realização de atividades de expressão musical, o docente poderá desenvolver ainda nos alunos as capacidades de atenção, concentração e comunicação (verbal e não verbal).
Em suma, para mim a música sempre será vista como uma ferramenta chave enquanto dinamizadora das minhas futuras práticas educativas, de forma a representar um fator diferenciador e benéfico do processo de ensino e aprendizagem.